Estudo de Caso: Leilões Online de Arte
Com o surgimento do coronavírus e a sua rápida expansão por quase todos os países do mundo no início de 2020, todos os setores da economia e níveis da sociedade foram forçados a implementar mudanças drásticas na sua forma de funcionamento, bem como a adaptar as suas atividades a uma nova realidade. No caso da atividade leiloeira a situação não foi diferente. Por imposição das novas medidas de distanciamento social, a grande maioria das empresas leiloeiras foram obrigadas a mudar os seus leilões presenciais e optaram pela realização de leilões online.
No entanto, a passagem da modalidade presencial para a digital revelou-se um grande desafio para algumas casas de leilão que dispunham de uma presença online bastante reduzida e pouca ou nenhuma experiência na realização de leilões virtuais. Para esta fase de transição, o Centro de Leilões oferece estratégias fundamentais para o sucesso das leiloeiras no meio digital.
Com o encerramento dos espaços físicos de exposição, as casas de leilão tiveram de recorrer a outros métodos, passando a oferecer, por exemplo, visitas a galerias virtuais onde os potenciais clientes podem explorar os artigos a serem leiloados por meio de tecnologias de realidade aumentada. De igual forma, como resultado da impossibilidade da ocorrência de leilões presenciais, as casas de leilão passaram a recorrer a plataformas externas, de forma a realizarem os seus eventos através de videoconferências e transmissões em tempo real.
Tendo em conta o novo cenário imposto pelo coronavírus, muitas casas de leilão viram-se obrigadas a acelerar o seu processo de transformação digital de forma a serem capazes de continuar a atuar no mercado dos leilões e resistir à crise atual.
Contrariamente ao que ocorre noutros setores, na atividade leiloeira as expetativas para os próximos meses são bastante positivas. No caso dos leilões de arte, por exemplo, muitos especialistas acreditam que a pandemia pode significar um ponto de viragem importante para este segmento.
Um estudo disponibilizado pela Hiscox no Online Art Trade Report 2020, revela um crescente sentimento de otimismo relativamente ao futuro das vendas online de arte. Apesar da desaceleração do mercado global de arte, cerca de 80% das plataformas online deste setor esperam que as vendas digitais aumentem nos próximos 12 meses e 65% estão confiantes de que o impacto da pandemia neste mercado será “permanente e transformador”.
No caso específico das leiloeiras, o relatório estima que as vendas online da Christie’s, Sotheby’s e Phillips (as principais casas de leilão do mundo) geraram 333 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, um valor que representa um crescimento de 436% em comparação com o mesmo período de 2019. O estudo também identificou que as vendas online representaram 28,3% do total de vendas de leilões destas empresas durante o primeiro semestre de 2020, uma percentagem bastante superior aos 1,2% registados neste mesmo período no ano anterior.
Jennifer Zatorski, presidente da Christie’s America, afirma que os leilões online são mais do que uma tendência. A empresária acredita que este “É apenas o começo”, assegurando que “O mercado de arte e os nossos clientes estão prontos e exigem essa forma de interação e transação”. Edward Dolman, CEO da Phillips (terceira maior leiloeira do mundo), acrescenta que a estratégia de realizar leilões online e vendas privadas “É uma boa maneira de continuar a trabalhar com aqueles que desejam realizar operações durante este período”.
A maioria dos profissionais do setor sabe que a crise do coronavírus terá consequências duradouras para o mercado de arte e para as casas de leilão, assim como para os restantes setores da economia. Contudo, é inegável que este período consiste numa grande oportunidade de crescimento e transformação para o setor dos leilões em Portugal e no mundo.